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São Paulo Expo (antigo Centro de Exposições Imigrantes). Foto: Divulgação/São Paulo Expo
Em períodos de crise, as chances de negócios são menos óbvias do que nas épocas de atividade em alta. No mercado imobiliário, vários nichos se mostram atrativos e revelam janelas de oportunidades para investidores com visão de longo prazo em períodos de desaceleração do setor. Uma delas se abre para o potencial do segmento de eventos. Estudo da consultoria Caio Calfat Real Estate Consulting mostra que centros de convenções projetados para feiras, congressos e seminários de pequeno e médio portes podem se beneficiar com demanda resiliente, oferta de espaços pequena em relação ao crescimento do mercado e atratividade do país para eventos internacionais com o fortalecimento do dólar.
Conforme o levantamento, o chamado segmento MICE (Meetings, Incentives, Conventions and Exhibitions), ou seja, focado em eventos de pequeno e médio porte como encontros, incentivos, convenções e feiras movimenta cerca de US$ 30 bilhões por ano em todo o mundo. Há 10 anos, o Brasil é um dos dez principais destinos de eventos no mundo, segundo o ranking do ICCA (International Congress and Convention Association). Na lista mais recente, de 2014, o Brasil ocupa a décima posição, mas, nas Américas, o país ocupa a segunda posição atrás apenas dos Estados Unidos.
O diretor da consultoria, Caio Calfat, ressalta o padrão internacional do aparelhamento do setor, especialmente nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro, como um diferencial para o mercado local. Segundo o especialista, o dólar forte, que se valorizou quase 50% no ano passado, torna o Brasil mais atrativo para organizadores estrangeiros. “Grandes grupos internacionais promotores e organizadores de eventos estão apostando em nosso país, como o gigante francês GL Events, que assumiu o antigo Centro de Exposições Imigrantes em São Paulo (atual São Paulo Expo) e o está transformando em um enorme complexo de eventos de várias modalidades, e o RioCentro no Rio de Janeiro”.
De acordo com a pesquisa, entre 2014 e 2015 a cidade de São Paulo sediou 255 ou 41,73% das feiras e exposições de grande porte do Brasil. Já o segmento de eventos de reuniões apresentou taxa de crescimento anual acima dos 14% no período. A crise econômica trouxe uma desaceleração ao setor, mas demanda de eventos tende a se recuperar rapidamente em um momento de retomada da atividade. Segundo o boletim Focus de consenso de mercado elaborado pelo Banco Central, a expectativa de economistas e analistas é de que o PIB brasileiro volte a crescer no ano que vem, a uma taxa de 0,50%.
Na experiência de Calfat, o ciclo imobiliário que se estende em torno de três a cinco anos, do lançamento do projeto à entrega física do empreendimento, revela uma janela para a criação de espaços novos neste ano. Ou seja, os centros de eventos lançados agora podem se beneficiar de um ciclo de retomada da atividade previsto para iniciar-se a partir de 2017.
Segundo levantamento da consultoria, do mesmo modo que o mercado corporativo em geral, o segmento de espaço para eventos encontra-se fechado no momento para lançamentos. “Não há informações sobre novos projetos, apenas reformas e ampliações”, afirma Calfat. Com isso, a demanda tende a crescer acima da oferta nos próximos anos, especialmente, dentro do nicho de centros de convenções de perfil multifacetado.
Em termos de retorno financeiro, os espaços multifunção para eventos de porte pequeno ou médio revelam-se atrativos. O estudo da Caio Calfat mostra que os preços cobrados pelos empreendimentos do gênero na cidade de São Paulo, apenas para locação do maior espaço disponível, variam entre R$ 5.000,00 e R$ 24.500,00, sem refeição. Isso equivale a um preço médio de R$ 24,83 por m². Ainda conforme a pesquisa, apenas um dos centros de convenções na capital paulista recebeu uma média de 14 eventos por mês em 2015. Essa média implicaria em um valor médio de R$ 347 por m² mensal, ou seja, três vezes superior à média do aluguel médio mensal de um edifício comercial classe AA+, segundo dados da Cushman & Wakefield. “Há um consenso no setor de que só não há mais eventos em São Paulo, por falta de espaços profissionais”.
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